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out 01, 2020 editorial Destaques, Opinião 0
*Alexandre Sampaio
O turismo brasileiro já contabiliza um déficit de R$ 182 bilhões desde o início da pandemia, ocasionado pelo coronavírus. A estimativa foi feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no período de março a agosto deste ano. De lá pra cá, sobretudo no mês passado, a cadeia de consumo do turismo vem reagindo, a passos lentos e com muitas incertezas ainda pela frente.
Temos uma pequena retomada que, possivelmente, poderá estruturar as empresas até o surgimento da vacina, mas não podemos dizer que é um retorno integral. Em tese, 80% dos hotéis e similares estão abertos, mas ainda vemos uma movimentação tímida. Aos poucos, a hotelaria está ganhando espaço novamente; contudo, ainda temos muito o que batalhar para que não haja mais prejuízos no longo prazo. Lamentavelmente, contabilizamos um grande percentual de empreendimentos fechados, que não resistiram à crise, tanto no que diz respeito à hospedagem quanto ao setor de alimentação.
Nunca o setor (tanto em nível nacional quanto mundial) passou por algo semelhante, mas a crise, por outro lado, trouxe muita modernização para as empresas, além de uma nova visão do que o consumidor do futuro espera dos negócios em termos de prestação de serviço e solução de problemas.
A forma de servir as refeições para os hóspedes, por exemplo, já foi completamente adaptada, na maioria dos empreendimentos. Alguns hotéis têm optado por ‘empratar’ os alimentos e os cardápios são acessados por meio de QR Code.
Para as áreas mais burocráticas dos hotéis, como a administrativa, a tendência é de que os estabelecimentos deixem de lado os papéis e utilizem serviços digitais para, por exemplo, realizar check-in e check-out. Novos meios de pagamento, como totens, também já começam a surgir, de maneira que não haja contato direto do hóspede com o funcionário do hotel.
Neste ano, o Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, Wakalua Innovation Hub e Organização Mundial do Turismo, organizou o 1º Desafio Brasileiro de Inovação em Turismo. Com intuito de promover uma competição de startups, o movimento buscou soluções para a retomada do turismo brasileiro por meio de projetos de base tecnológica.
A competição buscou responder às necessidades imediatas do contexto pós-pandemia e, além disso, promoveu a resolução de desafios gerais correlacionados ao turismo brasileiro. No dia 18 de setembro, as entidades organizadoras divulgaram as dez startups finalistas deste projeto pioneiro, sendo elas: B2BHotel (PR), EION Veículos Elétricos (PR), Gear Ventures (SP), iFriends (RJ), Sentimonitor (RS), Sisterwave (DF), Smart Tour/Smart Tracking (SC), Tripbike (SP), Vivakey – Techospitality (SP) e Worldpackers (SP).
Ao todo, o desafio recebeu 790 inscrições de diferentes regiões do Brasil e as dez finalistas foram classificadas para as semifinais da terceira edição da UNWTO Tourism Startup Competition, desafio global promovido pela OMT em parceria com o Wakalua.
Para a avaliação dos projetos, a competição contou com líderes do turismo para julgar critérios como natureza inovadora, equipe de empreendedores, potencial de escalabilidade, relevância para o setor, viabilidade, sustentabilidade e contribuição ao setor. Eu tive o privilégio de ser um dos jurados.
A iniciativa mostrou se possível buscar a transformação do turismo com a colaboração de grandes mentes brasileiras. A FBHA defende que, juntos, somos mais fortes e, com essa competição, conseguimos ter mais certeza dessa afirmação. Hoje, a inovação corre nas veias das empresas turísticas e isso é muito importante. Nesse desafio, pudemos avaliar grandes projetos. O nosso futuro é promissor, não tenho dúvidas.
Nessa terça-feira 29, a propósito, foi anunciado que o Worldpackers, plataforma colaborativa que incentiva a viagem voluntariada, foi a vencedor da competição. Vivakey e EION Veículos Elétricos ficaram, respectivamente, em segundo e terceiro lugares.
A FBHA lançou, nesse mês de setembro, a campanha de aniversário de seis décadas e meia da entidade, com o slogan 65 anos de trabalho, inovação e representatividade! para enaltecer a importância dos segmentos por ela representados, que tanto têm contribuído para o desenvolvimento econômico do Brasil.
Na corrida pela inovação e modernização de processos, para atender às demandas do “novo normal”, as empresas dos setores de hospedagem e alimentação buscam ajudar o Brasil a sair da crise, mostrando que, com gestão eficiente e criatividade, é possível avançar.
Não temos mais tempo de nos queixar do prejuízo econômico, porque, agora, é hora de trazer soluções. A inovação é fundamental nesta caminhada. Precisamos aprender coisas novas e, acima de tudo, readaptar o turismo para que continuemos movimentando renda, emprego e, claro, alegria para milhões de brasileiros. O aniversário da federação não podia ser diferente: nesses 65 anos de atividade, buscamos sempre modernizar. Neste ano, mais do que nunca, estamos entrando para o novo mundo.
*Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA)
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