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ago 21, 2018 editorial Destaques, Opinião 0
Ricardo Molina (*)
A disrupção afeta todos os setores. No caso do turismo, sofrem tanto o segmento hoteleiro quanto as imobiliárias e corretores de imóveis dedicadas a aluguel por temporada. O fenômeno da economia compartilhada chega ao segmento. Ocorre a partir do uso de aplicativos que permitem a proprietários de imóveis negociarem diretamente com os inquilinos. Dessa forma, com taxas menores de vacância, aumentam a rentabilidade e estimulam a gestão ativa do patrimônio. No segmento de locação de imóveis, a tendência é deixar de lado corretoras e administradoras e fazer as ofertas por contra própria. O movimento faz com que meios alternativos, como apps voltados à hospedagem, cresçam significativamente.
O maior exemplo é o Airbnb que, com pouco tempo no mercado, tornou-se a maior rede de hospedagem do mundo, tanto em número de quartos e imóveis ofertados quanto em valor de mercado. No total, a empresa conta com 4,5 milhões de lugares para hospedagem em 81 mil cidades, todos terceirizados. Dentro do fenômeno atual, a companhia consolidou-se como o Uber do turismo.
Ferramentas do gênero se proliferam e facilitam a nova postura de quem possui imóveis e busca destiná-los à locação. A rentabilidade média de casas para alugar por temporada cresce significativamente sem a intermediação de especialistas. O uso da tecnologia proporciona que um imóvel de temporada em Orlando, um dos mercados mais aquecidos nos Estados Unidos, renda cerca de 9% ao ano em dólares, percentual bem superior ao da taxa básica de juros brasileira (6,75%). Sem o auxílio deste tipo de app, nem grandes imóveis comerciais em regiões privilegiadas da Flórida proporcionam ganhos semelhantes.
Os aplicativos facilitam a gestão própria, permitindo, por exemplo, que o proprietário feche a locação de seu imóvel mesmo estando em outro país. Porém, esse tipo de administração exige uma mudança de postura, já que quem aluga negocia mais vezes. Valores e prazos de pagamentos, entre outros, passam a ser mais flexíveis, o que, além de agradar aos inquilinos, reduz os períodos de vacância dos imóveis, elevando sua rentabilidade.
É o contrário do que ocorre na gestão passiva, quando uma administradora é contratada para alugar o imóvel, o que deixa o proprietário pouco à vontade para negociar com os inquilinos. No momento da elaboração do contrato, são definidos os parâmetros do valor do aluguel e forma de pagamento. Portanto, o corretor fica engessado para negociar e teme que, ao dar descontos fora do acordado, destrua a relação de confiança.
A economia compartilhada quebra barreiras e, em pouco tempo, tornará a hospedagem alternativa mais utilizada que a convencional. Da mesma forma que o Uber e outros aplicativos vêm tomando espaço dos tradicionais meios de transporte, o Airbnb e seus concorrentes tornaram possível a negociação direta entre proprietários e inquilinos, fortalecendo as relações interpessoais e facilitando a negociação.
(*) Ricardo Molina é CEO da Talent Realty
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